Desfolhada

Os textos que nunca tinha tido coragem de escrever... © Reservados todos os direitos de autor dos textos e poemas

quinta-feira, março 31, 2005

Riscos

Agradeço ao TCA a maravilhosa surpresa que hoje me proporcionou!









Podem vê-la em http://riscos.blogs.sapo.pt/

Ele sabe que eu sou fã.

Beijos grandes

terça-feira, março 29, 2005

Primavera

São quatro as cerejas
brincos de princesa comestíveis
apertados nos lábios carnudos
os suculentos morangos
roubados à tardinha
verdes olhos de uva adocicada
junto à praia
colo redondo empinado
perfumada essência das frésias oferecidas
vestido curto e rodado
transparente e molhado
escondidas no chapéu florido
margaridas e papoilas
semeadas no cabelo
coradas bochechas de timidez

Esta a imagem reflectida
na cor dos teus olhos o mar
será esta a melodia do rouxinol em repouso?

E ela ali
sardenta impaciente
taça de fruta fresca a transbordar

quarta-feira, março 16, 2005

Janela

Daquela janela
molhada
bebi todas as ondas
sou tua
em cada gota
transpiro salgada
mamilos erectos na areia
molhada, imagino

Naquela janela
molhada permaneço
entardecer assim
olhar as gaivotas na praia
atrás dos cortinados
eu transparente
calma e saciada

São prazeres que se ouvem
daqui
da esplanada olham a janela
aparentemente fechada
e eu aqui transparente
molhada

quarta-feira, março 09, 2005

Ziguezagues

Perdi-me na montanha
onde os lírios não existem
as nuvens estão secas
e o lago azul, de tanto chorar
já secou

É assim que nada entendo
aos ziguezagues
pela auto-estrada de terra batida

No topo da montanha encontrei-me

descobri imperfeições
disparei em todas as direcções
certeira
certa de mim
do que sou
minh’alma não tem peso
nem medida

Estou a mais aqui
este frio debaixo da pele
incomoda-me
não vivo a tristeza e a mágoa
de quem sorri baixinho

Inquieta
olho-me no espelho envelhecida
temo a escuridão que se acendeu
preciso de mim
devagarinho

Nenhuma lágrima cairá sem razão
ouvi
o vento forte sou eu

terça-feira, março 01, 2005

Sobremesas

Em cada gota
esgota-se
em cada lágrima
chora o floco de neve
tão só
de linho branco bordado
tão frágil, envergonhado
cobre-nos
este manto branco
de luz solar que derrete
penetra os teus caracóis

nós dois
dedos de chocolate e de mel
deslizo-te pela pele
fruta fresca em chocolate quente
derretemos assim
sobremesa um do outro