Desfolhada
Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.
Minha palavra
dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.
in SANTOS, Ary dos, As Palavras das Cantigas (organização, coordenação e notas de Ruben de Carvalho), Lisboa, Edições Avante, 1995. Música de Nuno Nazareth Fernandes. Escrita em 1968. Foi inicialmente patenteada com o título Desfolhada Portuguesa, modificado pelo autor em 1969 para Desfolhada. Interpretada por Simone de Oliveira, concorreu ao Festival da RTP em 1969, obtendo o 1º lugar.
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.
Minha palavra
dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.
Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.
Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.
Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.
in SANTOS, Ary dos, As Palavras das Cantigas (organização, coordenação e notas de Ruben de Carvalho), Lisboa, Edições Avante, 1995. Música de Nuno Nazareth Fernandes. Escrita em 1968. Foi inicialmente patenteada com o título Desfolhada Portuguesa, modificado pelo autor em 1969 para Desfolhada. Interpretada por Simone de Oliveira, concorreu ao Festival da RTP em 1969, obtendo o 1º lugar.
6 Comments:
Isabel regressei e não te encontrei. Finalmente descobri e aqui estou.
Gostei do post e deste lindo poema do José Carlos Ary dos Santos.
Também tenho esse livro... é fantástico não é?! Adoro pegar-lhe de vez em quando e abri-lo ao calhas e "ouvir" as músicas do Ary.
Curiosamente este é um dos poemas que mais gosto dele :)
É um poema belíssimo!
E que me deixa emocionada a cada vez que o ouço, pela bela e intensa voz da Simone!
Vulcão
E daí o nome do blog... Esta música é tão bonita... de vez em quando ando por aqui a tratear... *
DL- Eu sei lá
http://euseila.blogs.sapo.pt
"...Olhos de amêndoa
Cisterna escura
Onde se alpendra
a desventura..."
Lindíssimo poema!
BJS
Grande voz esta...
e que belo poema tambem...
mas continuo a preferir a cinderela...;0)
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