Desfolhada

Os textos que nunca tinha tido coragem de escrever... © Reservados todos os direitos de autor dos textos e poemas

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Há uma nova estrela no céu


Sting

Desde o dia em que partiste
fiquei submersa no fundo do mar
onde as árvores e o vento choram
as melodias do silêncio que deixaste
a morte seguiu teu brilho
veio de carro engalanada
não quero que ninguém cante
tenho a alma muda de palavras
o coração apertado na dor
indiferente às alegrias
em vez de gritar sinto o mar revolto
em meus olhos estou só
com a minha saudade triste
no vazio tudo me perturba
podes repousar no meu coração
porque eu não sei dizer adeus

estou a tentar perdoar-Lhe pela nova estrela
mas ainda que o céu se encha de luz
terei eu ainda fé?

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Eleger



Tenho os braços e o regaço
unidos num mesmo gesto oferecido
nesta pausa de sonhos e lutas
contra moinhos
recuperada das cicatrizes da alma
pintando túlipas de luz no meu coração
multiplico o amor e divido a humildade
em riscos escritos para ti
ninguém será criticado por escrever
para evitar a loucura
entre a falta de lucidez dos outros

quero fazer revoluções sem violência
onde a paz social não é íntima do vencimento-gorjeta
vejo no país a solidão dos aprendizes
que discutem sabedoria com os sábios
é escassa esta bagagem dos que inventam verdades
que trocam a cama da miséria emocional
pela calma luxuosa do poder

vem comigo oxigenar a alma no sol
quero sentir-me extraterrestre
e cobrir-me de ti

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Faz de conta


Woman with Sunflowers, Artist unknown

Roubei o amanhã
para que este dia não acabe
sou ladra do tempo que há-de vir
a ser futuro e roubei
de fininho deslizando sobre o mar
invisível entre o sol e a lua brinquei ao bate-o-pé
tenho-te comigo num faz de conta
com fadas, princesas e monstros
aqui na Terra do Nunca vejo as flores
e o mar de maneira diferente
tenho pés de nuvens e chapéus de estrelas
mãos cheias de girassóis e cabelos de chuva prateada
recrio a eterna primavera
onde a primeira flor de cada dia
me pertence
e apenas num instante entre o antes e o depois
adormeço entre pássaros, borboletas
e páginas de uma estória
onde só os puros são felizes

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O sorriso



No teu sorriso
descobri-me despida
de receios e ansiedades
privada de todas as vestes
apenas o calor
das tuas mãos me aquece
imóvel ao sabor das ondas azuis
que meus olhos devoram nos teus
quatro lábios unidos num mesmo gesto
no teu sorriso
nada que pudesse usar como traje
nem as palavras
apenas o silêncio e a contemplação
no teu brilho
permaneço diante dos teus olhos
nua
de tantos desejos vestida